Sobre o Padre Cruz
Padre Cruz nasceu a 29
de Julho de 1859. Levou a efeito os seus estudos secundários em Lisboa, entre
os anos de 1868 e 1875 e, ainda nesse ano, partiu rumo à Universidade de
Coimbra, onde permaneceu durante cinco anos.
A sua ordenação
sacerdotal ocorreu em 1882, tendo-se tornado director do Colégio dos órfãos.
Foi ainda director espiritual em S. Vicente de Fora e, no final de 1940, deu
entrada na Companhia de Jesus. Viajou pelos arquipélagos da Madeira e dos
Açores em 1942, acabando por falecer em Lisboa no dia 1 de Outubro de 1948.
O seu processo de
beatificação decorreu entre os anos 50 e 60, tendo sido entregue toda a
documentação à Santa Fé já quase no final de 1965. A aprovação dos escritos
deu-se em 1971, embora não tenha sido canonizado.
A sua vida decorreu
numa fase em que, após a implantação da República, a fome e a miséria
aumentavam gradualmente. Pairava no ar a vontade de exterminar as doutrinas
cristãs e reinava a perseguição ao clero. A religião era acusada de «adormecer»
o povo e impedir a sua consciencialização política.
Enquanto a maior parte
dos padres negava a sua própria fé, o Padre Cruz enfrentava corajosamente os
inimigos da Igreja. Mesmo aquando da proibição do uso da indumentária
sacerdotal, quando Igreja e Estado foram legalmente separados, o Padre Cruz
continuou a usar as suas vestes.
Entre os milagres que
lhe são atribuídos conta-se que possuía o dom de fazer «aparecer o Sol». Isto
porque, com as suas orações, terá afastado uma tempestade perto da Golegã.
Também se diz que a sua intuição surpreendente lhe permitia «detectar»
sobreviventes no meio de corpos sem vida, depois das violentas lutas ocorridas
no início do século XX. Além disso, percorria as zonas mais pobres, ajudando
com as suas esmolas e palavras de conforto os mais carentes e necessitados.
A sua linguagem era
simples, directa e chegava ao coração dos que o ouviam, operando verdadeiros
milagres. Perante qualquer adversidade, rezava. Percorria todo o país,
incansável na sua luta pela defesa da fé. E em todo o lado era ouvido,
respeitado e considerado como «um homem enviado por Deus para salvar o país das
mãos dos ateus».
Apesar da sua atitude
firme, o Padre Cruz nunca mostrou uma atitude de revolta, e muito menos incitou
os fiéis a tomarem posições de força ou de violência. Muito pelo contrário,
aconselhava os seus ouvintes e ler e a pensar, para que assim pudessem
compreender a sua missão neste mundo.
Ao mesmo tempo que
percorria o país, acudindo aos mais desprotegidos, o Padre escrevia orações e,
dessa forma, tentava incentivar os analfabetos a iniciarem a sua leitura.
Com palavras singelas,
melódicas e cheias de harmonia, o Padre Cruz fazia os seus pedidos a Deus, a
Cristo, a Nossa Senhora, aos Anjos e aos Santos. Com orações curtas e fáceis de
recitar, ensinava aos pobres (mas ricos de coração) a maior de todas as artes: Rezar.
São essas orações do Padre Cruz,
passadas de geração em geração como verdadeiras preciosidades religiosas e
místicas, que transcrevemos neste pequeno livro. Algumas delas foram utilizadas
pelo povo como pedidos ardentes de intercessão divina, através do poder do
Padre Cruz. Recolhidas junto de pessoas, que viveram essa época conturbada de
luta pela fé, e também junto de alguns descendentes que as guardaram como
tesouros, são estas as palavras mágicas do Padre Cruz, outras dirigidas ao
Padre Cruz. Palavras que podem, certamente, operar milagres no dia-a-dia de
cada um de nós.
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